quarta-feira, 23 de julho de 2014

TESTEMUNHO



“Miserável homem que eu sou”
Paulo de Tarso

Sei coisas terríveis sobre mim, de antes
Do meio caminho abandonado, coisas
Que estão dentro da minha memória
E secariam o meu coração, se não fossem
As costas de Deus, atrás das quais tudo cai
No esquecimento
Coisas que me levariam pela terra dentro
Com vergonha
Miserável homem que fui, repousando na lei
Guarda de cegos, farol a riscar as trevas
Sei tantas coisas terríveis a meu respeito
A que mais dói
Ter fechado os ouvidos ao último silêncio
Dolorido de Estevão.

23-07-2014

© João Tomaz Parreira 

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